Líderes religiosos protocolam na Câmara pedido de impeachment de Bolsonaro
Líderes religiosos
protocolaram nesta terça-feira (26) na Câmara dos Deputados um pedido de impeachment
do presidente da República, Jair Bolsonaro, em razão da forma pela qual conduz o
enfrentamento à pandemia de Covid-19.
O documento é assinado por 380 pessoas, entre as quais bispos, pastores, padres e frades, ligadas a igrejas cristãs, incluindo católicas, anglicanas, luteranas, presbiterianas, batistas e metodistas, além de 17 movimentos cristãos.
Entre os signatários estão dom Naudal Alves Gomes, bispo primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, e dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransfomadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O G1 perguntou à Secretaria de Comunicação da Presidência se o governo vai se manifestar a respeito do pedido e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Outros 61 pedidos
de impeachment já foram apresentados à Câmara, dos quais 56 estão em análise,
segundo dados da Secretaria Geral da Câmara. Os demais cinco foram arquivados
ou não aceitos por questões formais, sem que o mérito fosse analisado.
Cabe ao presidente
da Câmara decidir se aceita ou não um pedido de impeachment. O atual presidente,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixará o posto na próxima semana, quando será eleito o
deputado que vai sucedê-lo no comando da Câmara.
O anúncio do protocolo do pedido de impeachment foi feito em um ato no Salão Verde com a presença de alguns representantes religiosos e parlamentares de oposição ao governo.
“A motivação
principal deste pedido está relacionada à ausência total de iniciativas da
parte do governo para diminuir e conter os impactos da pandemia de Covid-19”,
afirmou a pastora Romi Bencke, representante do Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs.
“O sufoco de Manaus é o sufoco do país inteiro, que neste momento tem população abandonada porque temos um governo que nega o direito à vida”, disse.
Argumentos
Na peça de 74
páginas, os autores afirmam que as "ações e omissões" do presidente
durante a pandemia são crimes de responsabilidade contra a probidade da
administração.
"Bolsonaro atuou contra recomendações de autoridades sanitárias, desrespeitou regras de obrigatoriedade de uso de máscaras, promoveu e estimulou aglomerações, colocou em dúvida a eficácia e promoveu obstáculos à aquisição de vacinas, fez campanha pelo uso de medicamentos e tratamentos não corroborados pela comunidade científica, o que resultou, entre outras consequências, na pressão do Ministério da Saúde para uso dos medicamentos sem eficácia comprovada em Manaus ao mesmo tempo em que se esgotava o estoque de oxigênio na cidade", diz o pedido.
Segundo os líderes, Bolsonaro "deixou de fazer o que estava obrigado como presidente" e suas ações "levaram e seguem levando a população brasileira à morte e geraram danos irreparáveis."
O pedido protocolado cita a lei 1.079, de 1950, que define os crimes de responsabilidade de presidentes da República.
Para os líderes
religiosos, as atitudes do Bolsonaro se enquadram nas seguintes definições de
crime de responsabilidade contra a probidade na administração:
·
não tornar efetiva
a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos
funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição;
·
expedir ordens ou
fazer requisição de forma contrária às disposições expressas da Constituição;
·
proceder de modo
incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo.
No documento, os
autores pedem que todas as assinaturas sejam reconhecidas, mesmo que apenas
parte delas tenha sido certificada eletronicamente. A justificativa é que a
pandemia dificulta deslocamentos para certificação digital e reconhecimento em
cartórios. Pedem, ainda, que a validação presencial ou eletrônica das
assinaturas restantes seja feita posteriormente, sem prejuízo da denúncia.
Quem assina
O pedido é assinado
pelos seguintes movimentos:
1. Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil (Anneb)
2. Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep)
3. Coletivo Abrigo: Pastoral de educação e assistência social de Porto
Alegre – RS
4. Coletivo Empatia Clarifranciscana
5. Coletivo Juventudes, Fé, Ciência.
6. Coletivo de Mulheres das Organizações Religiosas do Distrito Federal
(Comordf)
7. Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic)
8. Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB)
9. Cristãos Contra o Fascismo
10. Instituto Catarinense de Juventude (ICJ)
11. Juventude Franciscana do Brasil (Jufra)
12. Liberta - Movimento de Igrejas Libertárias
13. Movimento Fé e Política RS
14. Movimento Social de Mulheres Evangélicas do Brasil (Mosmeb)
15. Movimento Social Religioso do Distrito Federal
16. Mulheres Contra Bolsonaro
17. Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP)
Fonte: G1.globo.com
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